Mapas do Acaso (Humberto Gessinger)
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Admito que ao pegar o livro de Humberto Gessinger para ler não o fiz com tamanha empolgação. Simplesmente por que nunca fui grande admirador das músicas e letras dos Engenheiros do Hawaii, e sempre duvidei da capacidade criativa de compositores para escrever um material que pudesse ser chamado de livro.
Porém ao começar a ler o livro do arquiteto, músico, compositor e vocalista da banda sulista, Engenheiros do Hawaii, joguei qualquer julgamento precoce no lixo. Isso por que a escrita de Gessinger é deliciosa, quase como um diálogo com o leitor entre cervejas e chimarrão sempre acompanhado de um olhar romântico e musical de tudo aquilo que os olhos e ouvidos do compositor conseguem captar.
Não é de se admirar que um músico tenha uma memória auditiva fantástica. São inúmeras as referências como o som da infância, das crianças em volta da mesa da avó, dos pedais da máquina Singer1, da torcida do Grêmio, a emoção dos jogos narrados pelo rádio, o som do rock russo e das palavras italianas da avó no final de sua vida.
Além dos sons, também é possível notar uma relação particular que passa pelos olhos do arquiteto Humberto Gessinger. Uma visão romântica através dos seus óculos tortos ao falar sobre Walkmans, música, as estações, o Olímpico2, “Esparta-Alegre”3, Camus e Kafka.
Vale destacar algumas histórias futebolísticas como o sonho de marcar um gol aos 39 minutos do segundo tempo de um Grenal4, dos exageros somente perceptíveis por uma narração pelo rádio e da cronologia que Humberto Gessinger faz de sua carreira relacionada com as Copas do Mundo de futebol, mas que também poderiam ser com as moedas de países, presidentes ou Papas.
Além dos textos iniciais, separados por capítulos intitulados por notas mentais, encontramos no final do livro 45 letras de músicas. Algumas escritas a mão ou na máquina de escrever, com esparsos comentários em algumas das composições.
Mapas do Acaso é o terceiro livro5 de Humberto Gessinger, publicado pela Editora Belas-Letras, porém o escritor não deixa claro ser a continuação ou o princípio de sua obra. Independente da ordem, a escrita romântica, sonora e visual de Gessinger faz desta uma obra surpreendentemente bela.
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