terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

PILAR BÁSICO DA DEMOCRACIA

 TITO GUARNIERE


PILAR BÁSICO DA DEMOCRACIA


Os textos curtos das redes sociais têm o seu valor. Talvez o maior deles seja o de obrigar o autor a ser conciso, a dizer o máximo no menor espaço e uso de caracteres: a concisão é uma virtude de estilo, desde que se consiga a façanha de se fazer entender, de ser claro no que pretende passar.


Mas tem um problema. Não há nenhum tema que não comporte um contraponto, uma versão contrária, um outro ponto de vista. Assim, se o caro leitor quiser – de verdade – ter um entendimento razoável a respeito de um assunto, seja lá o que for, é preciso ir além dos 280 caracteres do Twitter.


Este articulista é um leitor obsessivo, por gosto pessoal, e porque, querendo estar bem informado, evitando embarcar em teorias simples porém erradas, detestando fakes e vulgaridades, dá uma boa passada de olhos nos grandes jornais diários – Folha, Estadão, Globo. Não tenho nenhum preconceito contra a grande imprensa e, ao contrário, tenho-a na conta de prestar um enorme serviço de interesse público, e de um pilar básico da boa informação e da democracia.


Meu modelo de liberdade de imprensa é a imprensa brasileira. Modelo perfeito? Não. Nada e ninguém é perfeito. Mas um país que se queira dizer democrático deve ter um modelo de imprensa igual ou muito parecido com o Brasil. Um país sem jornais como a Folha, Estadão e Globo, e só com redes sociais, ficaria mais burro do que já é e seria uma calamidade completa.


As hordas militantes, na esquerda e na direita, têm por costume atribuir à imprensa, assim como ela é no Brasil, as mais abjetas intenções, uma vez que supostamente sempre expressa um combate (ainda que meio dissimulado) às suas próprias concepções. Nos arraiais de Bolsonaro e Lula é dominante a impressão de que a imprensa tradicional só existe pata criticar e prejudicar as causas respectivas, aquelas destinadas à missão gloriosa de salvar o Brasil e às vezes o mundo.


A imprensa livre, plural e aberta à iniciativa da sociedade, da cidadania, de quem tiver disposição e capacidade, não é necessariamente a garantia da informação honesta, mas tende a assegurar a busca permanente de um noticiário e uma linha editorial confiável e de qualidade, permitindo aos leitores um leque de escolhas – qual a abordagem mais coerente, profissional, genuína e conscienciosa.


É infantil esperar que os grandes jornais e meios de comunicação somente veiculem informações de interesse das facções do embate político. É como esperar que os juízes do Supremo Tribunal Federal decidam sempre ao nosso gosto e preferência. É fácil detestar Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, mas é comum que eles tomem decisões coincidentes com os pontos de vista dos seus críticos.


Pior ainda é a expectativa de que uma imprensa oficial, como a Empresa Brasil de Comunicação-EBC, criada por Lula e usada exaustivamente depois por Bolsonaro ( que havia prometido fechá-la), dê conta de informar honestamente o distinto público. Governos têm necessidade de mentir como nós temos a necessidade de respirar. Imprensa livre é, acima de tudo, oposição. O resto é, como dizia Millôr Fernandes, armazém de secos e molhados.


titoguarniere@terra.com.br


Twitter : @TitoGuarnieree


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

RECOMEÇANDO

 Recomeço de onde parei há 15 dias.

Um exemplo: perdizes já estão se tornando raras nos campos. Mas os perdigões confesso que não vejo mais. O mesmo acontece com cervos, muito raros.

A especialista Dra. Eva Muller , que mora em Santiago, relata que na região os animais em perigo são: bugio,ema,gato palheiro, jaguarundi, sorro,veado campeiro e jaguatirica.

E o que fazer quando desaparecerem as abelhas ?

Só Deus sabe.

Um querido amigo meu, gaúcho como poucos, chama-se  Carlos Osvaldo de Souza Castro  - o popular  Vado. É encanador dos bons e só trabalha vestido com sua bombacha.

Mandou essa mensagem.

“Bom dia Doutor! Parabéns pela composição de fundamento, muito profunda. Eu também comecei a caçar precocemente com 7 anos de idade meu pai me ensinou a atirar com uma garrucha 32 Rossi, precisava segurar com as duas mãos por causa do coice, mas também só caçava para comer. Perdizes ainda se encontra, mas o Perdigão esse não se vê mais a muito tempo, como a muito tempo não caço mais e adoro apreciar a natureza.Grande abraço, fiquem com Deus!.”

Mudando de saco para mala vou abordar um assunto que cada vez mais ouço nas rodas de amigos.

Cada vez mais os pais de alguma renda enviam seus filhos para o Exterior. Muitos acabam ficando lá. Eu tenho um filho, engenheiro, que se mudou para a Alemanha . Está lá há quatro ou cinco anos. Está bem estabelecido e não quer mais voltar.

A filha ´dele mais jovem quis ficar lá também.

As duas filhas do meu amigo Rui Sulzbacher moram no Canadá. Uma sobrinha minha mora  na Flórida.

A que se atribui essa diáspora?

Há mais coisas que me assombram.

Um amigo tem 

uma monumental casa no Rio de Janeiro. Sabem o que ele fez? Disse- me “ ipsis verbis”: “”Não acredito mais nos grandes centros urbanos!”

E se tocou “ campo fora”,  como se diz na linguagem campeira.

Veja-se o Galvão Bueno. Passa bastante tempo aqui no nosso maravilhoso pampa gaúcho mais do que em outras paragens.

Um observador me falou que os  pássaros estão mais e mais nas cidades. Mais facilidade de acharem comida?

Em Porto Alegre, em determinada época, os sabiás acordam de  madrugada com trinados que fazem as pessoas  acordarem . Algumas pessoas  ficam felizes ; outras bravas por não poderem dormir.

Já ouvi alguns falarem  que esses bichinhos passam comendo restos de alimentos atirados pelos humanos.


Eu acho que esses pássaros são beneficiários de alguma bolsa.


Afinal, hoje há bolsas aos magotes.


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

OS QUE FICAM E OS QUE FOGEM - FRANKLIN CUNHA

 Os que ficam e os que fogem

 

Sócrates foi condenado à morte no ano de 339 A.C sob as acusações de perverter os jovens e de introduzir deuses diferentes daqueles do Estado. Seu amigo Criton insistia para que fugisse de Atenas e que fosse para Tebas, Tesália ou outro lugar e lhe dizia: "Em qualquer parte do mundo sempre serás querido e bem recebido". Sócrates, porém argumentava que os cidadãos celebraram um contrato para constituir um Estado e que se fugisse cometeria uma falta de lealdade política com o povo de Atenas.Sob essa premissa todo cidadão deve aceitar as decisões do Estado, mesmo que sejam contra seus interesses, mesmo que lhe pareçam injustas e até mesmo que esteja em jogo a própria vida.Sócrates percebia que colocar em risco a polis e a democracia ateniense era um ato tão ou mais injusto do que aquele que estavam cometendo contra ele. Para um cidadão ateniense o lógico era se submeter às leis da polis porque sem ela, ele não era nada. O fato de que naquele momento histórico a polis estava se debilitando e o princípio de unidade estava em crise, não debilita, mas reforça essa firme defesa da polis. Platão afirmava que insistir na unidade da polis mesmo quando fraturada é semelhante a quem insiste em se manter vivo apesar de estar em situação agônica.  

Franklin Cunha

Médico

 

sábado, 18 de fevereiro de 2023

TANGOS,CARNAVAIS E OUTRAS AVENTURAS

 Um dos meus filhos, o Rafael, sempre me disse que gostaria que voltassem os tempos de  jogar futebol de campo e de bailes de se dançar juntinho. Lamenta até hoje nunca ter ido num baile de gala e que não há mais como juntar 22 para uma pelada de futebol de verdade.

Pois é, o progresso reduziu os atletas de fim de semana à modalidade futsal e o society.

E homem dançar com mulher virou caretice. A começar que as festas começam 2 da manhã e a turma fica galopeando e se retorcendo, cada um na sua.

Fazer o que...

Esses dias, no Canal Cult passou o filme Melancholia. As cenas do baile de casamento, todo mundo vestido a rigor e dançando junto, são lindas. Aliás na Europa é comum os adolescentes irem a escolas de dança. Em matéria de dança eu sempre fui um coreógrafo fraco, se bem que muito mal intencionado.

Mas o que queria contar é que lá por l985 fui com uma turma de juízes e promotores a Buenos Aires. Jantamos no bairro La Recoleta e depois fui com um amigo na Calle Florida. Tinha uma casa de tangos chamada Volver. Subimos uma escada e demos com um ambiente  “a media luz” com tudo enfumaçado de tanto cigarro.


Agora vem o incrível. O salão estava repartido: homens para um lado, mulheres para outro. Perguntei a um senhor do meu lado como se fazia para “ tirar” uma muchacha para bailar?


Ele me explicou que eu deveria olhar fixamente para aquela que me agradasse, “hacerle un cabeceo” e se ela respondesse com um meneio, estava feito o brique.


Fiz tudo certo e a “morocha” me indagou:


Como te llamas rubiezito?


Ruy, respondi.


Ah Ruyz? Que hermoso,  encantada, Mabel! falou ela.


Pois ela se atirou em mim, me enlaçou pela cabeça, tronco e membros e saiu dando pinote e “retruques” para lá e para cá, tinha uma saia com fenda, levantava a perna, enroscava em mim e eu me sentindo como um terneiro enrolado pela sucuri e  me condenando por não ter perguntado “como hacer para salir”.


Como tinha tomado uns goles antes, fiquei com medo de cair e fazer um fiasco.


Ia fingir uma tosse repentina e compulsiva e sair campo, digo, porta afora, mas ela, desolada com minha absoluta inépcia  para esses meneios que beiravam às primícias do jogo genésico, me dispensou mal terminada a “marca”.


-Perdón, nene,  sos muy guapo, pero tengo más que hacer..

Terminou aí minha carreira de tangueiro.


Gostava bem mais dos bailes do Club União, com a Orquestra Cassino. Se bem que para as gurias deixarem dançar de rosto colado era uma missa. 

(Matéria de 13 anos atrás, agora com mudanças).


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

PROSSEGUINDO COM MINHAS OBSERVAÇÕES

Nenito Sarturi e eu compusemos muitas obras em sociedade. Várias estão nos meus dois CDs, que podem ser achados no meu blog (Blog de Ruy Gessinger).

Uma das composições tem o nome de “Elegia para uma Mãe de Preto”. 

Certa vez vim a saber que numa pequena cidade uma jovem mãe perdera seu único e pequeno filho. Sua dor foi tamanha que passou a visitar todos os dias o cemitério, chovesse ou fizesse sol. Ela se trajava de preto e depositava brinquedos de crianças sobre a lápide: caminhões, autinhos, livrinhos, muitos e variados objetos de que as crianças gostam. 

No dia seguinte, pessoas tiravam os brinquedos, mas a mãe repunha tudo. 

A canção é essa: 

“Essa mulher que religiosamente planta brinquedos sobre a campa rasa.

Curte uma dor de ter um filho ausente que nunca mais irá voltar para casa. 

A alegria sumiu do seu rosto, deixando marcas do cruel destino.

É o que lhe resta, além do desgosto, 

Trazer presentes para seu menino. 

Perder um filho é ver ceifada a graça, ruir a vida sem estar no fim 

É perceber que o tempo já não passa 

Murchando as flores do jardim. 

Naquele luto sombrio e fechado, expõe as chagas da maternidade, 

E no vazio que mantém guardado, carrega as dores da grande saudade.

 Mas no semblante de olhar tristonho há uma esperança por detrás do véu 

De achá-lo rindo e embalar-lhe o sonho, Que as mães, por certo, têm lugar no céu.” 

■ ■ ■ Continuando o assunto anterior sobre a proteção aos seres que vivem soltos na natureza, sabemos que a carnificina ainda está em ação. 

Admito que, na minha infância, eu caçava tudo o que era bicho. Meu falecido tio Lino Etges, irmão da minha mãe, morava na colônia, em Boa Vista. Ele me levava para caçar de madrugada. Aos 12 anos, ele me ensinou a atirar. 

Era para subsistência. 

Quando comprei a fazenda em Unistalda, aprendi muita coisa que não sabia. Aquela região tem um solo mais pedregoso e não houve destruição sistemática como em alguns lugares. Ali conheci animais silvestres como nunca tinha visto. 

A Natureza faz de tudo para preservar a fauna e a flora. 

Receio que com o tempo mais espécies vão desaparecer para nunca mais voltar.

 Um exemplo: perdizes já estão se tornando raras nos campos.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

NELSON WEDEKIN

 Censura (I)

Consumou-se o mal pensado: está no forno para sair, no âmbito da Advocacia Geral da União, o " Departamento de Promoção da Liberdade de Informação", que vai auditar e reprimir fake-news.

E quem diz que as informações são falsas? A própria AGU, um organismo do governo.

O nome é comprido e pomposo. Mas pode me chamar de censura.


Censura (II)

O governo do PT avança guloso na velha tentação de controlar os meios de comunicação. Além da iniciativa da AGU (ver nota acima), vai editar uma lei que permite ao Executivo retirar das redes sociais conteúdos considerados nocivos, antes mesmo de qualquer decisão judicial(como é hoje).

O nome disso é censura prévia. Coisa de ditadura.


Jornada inglória

Os manifestantes-golpistas de 8 de janeiro descobriram, da forma mais cruel e decepcionante, que a jornada nada tinha de glorioso – salvar o Brasil do comunismo.

O que fizeram foi coisa de marginais e desordeiros, o que – dou de barato – até então a maioria não era.


Impeachment e golpe (I)

Para relembrar : o impeachment de Dilma foi um "golpe de Estado" sem tanques na rua, em que ninguém foi preso, precedido de decisão livre e soberana do Congresso Nacional, chancelado pelo Supremo Tribunal Federal, em que foram cumpridas todas as etapas e todos os trâmites previstos na lei e na Constituição


Impeachment e golpe (II)

Você sabia que o PT foi o partido mais veemente e impiedoso no impeachment de Collor? Você sabia que o PT entrou com mais de uma centena (isso mesmo: mais de 100!) pedidos de impeachment contra FHC, nos seus oito anos de governo?

Quando chegou a vez deles, com Dilma, virou golpe, como Lula repete a toda hora.


Mídia tradicional

Os bolsonaristas têm ojeriza pela mídia tradicional, mas deveriam ler os editoriais do Estadão, da Folha e do Globo. Todos eles defendem que a maioria das centenas de pessoas presas do domingo infame de 8 de janeiro, de ficha limpa e endereço certo, devem ser soltos imediatamente e responder o respectivo processo em liberdade. Perfeito!


De olhos bem fechados

Flávio Bolsonaro disse que o pai Jair Messias pode voltar ao Brasil amanhã, daqui um mês ou nunca.

Se me fosse dado a escolher, cravaria de olhos fechados a última hipótese.


Chacinas

Em janeiro foram registrados mais três atentados a bala nos Estados Unidos: 20 mortos.

Aqui no Brasil, o bolsonarismo armamentista insiste em duas teorias bizarras: os massacres na América nada têm a ver com a facilidade com que os americanos compram armas ; e, quanto mais armas nas mãos do cidadão, menos chacinas da espécie.


Cuba

Cuba socialista vive a pior crise desde que Fidel tomou o poder em 1959. O transporte coletivo entrou em colapso nas principais cidades: não tem óleo diesel. Em nenhuma das ondas migratórias anteriores (foram muitas) deixaram a ilha tantos cubanos. A ilha , cada vez mais, está sendo habitada por idosos que vivem de uma miserável pensão do estado.

Não há Lula para dar jeito no infortunado país.

Détraqué

O general e ex-presidente Ernesto Geisel, já falecido, colega de farda de Bolsonaro, chamava-o de "détraqué" - isto é, meio lelé da cuca, desequilibrado.

Geisel sabia das coisas


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