quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

O QUE FICOU DO MUNDIAL

 O preclaro jornalista Romeu Neumann se adiantou de mim e publicou uma excelente coluna dia 19.12, na Gazeta do Sul. Mauricio Goulart também com muita argúcia na terça feira. 

Agora, seguindo seus passos, vou me permitir algumas considerações. 

Os esportes são algo muito diferente uns dos outros, mas o que será necessário sempre é o cumprimento da ética.

Dou, por todos , os exemplos do tênis e suas regras.

Na dúvida em um lance, decida contra você. Eu disse  contra você.

Penso que no futebol é importante que, ao par dos treinamentos, haja noções mínimas de civilidade. 

Há pessoas que brincam muito, mas não concordo com a assertiva de que a maioria dos jogadores de futebol  vieram na favela, mas  a favela não saiu deles. Não é assim, pois  os mal comportados se sobressaem e aparecem. E isso resulta em falsa opinião.

Neste mundial houve muito bom comportamento. Todos vimos.

O grande exemplo foi a final. 

Que maravilha, poucas faltas, cavalheiros se degladiando no gramado. Via  de regra jogou-se com muita força, mas é do jogo. Também achei que foram muito  corretas as arbitragens.

No que tange aos cabelos pintados de branco e as dancinhas, é coisa normal, assim como as pinturas corporais. Todas essas coisas são uma característica dos povos  que vivem em climas quentes. A muitos pode parecer deboche. 

Algo que me fez espécie foram duas coisas lamentáveis.

Alguns atletas não cantaram seus hinos e outros ficaram naquela postura absurda de mascar chicletes. Dizem que fazem isso para evitar o vômito…

Também houve casos em que alguns atletas fizeram pouco das medalhas que receberam. Isso é muito lamentável.

Sempre achei que alguns raros, conquanto joguem bem, se excedem com “luxos” que não são exemplos para ninguém. Muito já se viu o atleta se tornar  pobre tempos depois de parar.

Outra coisa. Quase todos os atletas do mundo sabem falar inglês. 

Os atletas  brasileiros quase não  dominam o idioma . São, em sua maioria, monoglotas.

Quanto ao jogo oferecido pelo nosso time, continua sendo muito lento por vezes. É bola para o lado e para trás. 

O nosso Tite é boa gente, mas creio que cometeu muitas faltas . A pior foi mandar um menino inexperiente para cobrar um pênalti. 

Parabéns a todos demais atletas do mundo.

A final entre dois times mostrou muita educação, cortesia, “ fair play”, coisa que o Brasil  está aprendendo a ter.

No final, vimos os atletas   se cumprimentando com os adversários. Pouco depois os filhos de vários jogadores se abraçando .

Parabéns,   atletas da Argentina e da França.


terça-feira, 27 de dezembro de 2022

SAUDE, SORTE, SUCESSO

 

Tg2023


TITO GUARNIERE


FELIZ 2023 – SAÚDE, SORTE, SUCESSO


Que lhes posso desejar para 2023? Só coisas boas – saúde, sucesso, sorte, nessa ordem e só na letra "s" do dicionário.

O principal é a saúde. Pergunte ao homem mais rico do mundo, quando fica doente, o que ele mais deseja, e na ponta da língua está a palavra mágica : saúde! Ou mudando um pouco , perguntem se ele daria metade da fortuna em troca de ficar 10 anos mais jovem. Como em nenhum negócio espetacular dos tantos que fez ao longo da vida, ele responderá de pronto, sem pensar ou vacilar : sim, mil vezes sim.

Vi uma foto que me comoveu, Pelé e a filha Kelly no leito de hospital , em São Paulo. O craque, a celebridade, o gênio, o rei, certamente vivendo o ocaso de uma existência gloriosa, as batidas do coração lentas e descompassadas, talvez desse todo o seu reino de glória para se movimentar, sentar de conta própria, respirar normalmente. Mas mesmo o rei estava ali se rendendo à lei da vida, que é a mesma lei do fim e do passamento. Em momento fugaz de lucidez, ele talvez esteja implorando por um pouco de força, de luz – de saúde. Nessa hora não há rei, nem riqueza ou genialidade: o mundo fica igual e ninguém escapa à dor e ao sofrimento.

Então, saúde é o que interessa, como dizia o bordão da tevê. Saúde para caminhar lentamente na alameda olhando ao redor e pensando na vida, respirar o ar puro do campo, olhar as estrelas na noite clara, tomar no colo a criança e embalar-lhe o sono inocente. Saúde, caro(a) leitor(a) é o que lhe desejo mais do que tudo, e aos seus, no ano que está para começar.

Torço pelo seu sucesso no estudo, no trabalho, no seu projeto de vida. O sucesso é demorado e difícil – uma trajetória de altos e baixos, uma longa aventura cheia de percalços. O sucesso, que depende acima de tudo do nosso esforço pessoal - muito mais suor e vontade do que de talento e habilidade.

O sucesso, que não é garantido nem mesmo para quem se esfalfa no trabalho. Como nada é perfeito, nem sempre o empenho, o interesse, o esforço e o foco redundam na vida bem sucedida. Mas sem a energia, o esforço pessoal, a perseverança, dificilmente você conhecerá o êxito, a realização plena, o reconhecimento e a admiração (e às vezes a inveja ) de todos. Então, mãos à obra e quem sabe, com um pouco de sorte, o sucesso lhe abrirá um largo sorriso.

A sorte, ah sorte. É preciso muito sorte para desfrutar de certos privilégios (tipo viajar de classe executiva a Paris, Londres, Nova York duas ou três vezes por ano, morar na mansão e no bairro seguro, passar o final de semana na casa de campo ou da praia, trocar de carro todo ano e coisas assim) – sorte de vir ao mundo com talentos especiais(atores e atrizes de cinema, atletas de ponta, cantores e cantoras pop), nascer em berço de ouro, ganhar na loteria, casar com milionário ou mulher rica. O ruim é que estamos exaustos de saber que essas coisas só existem para uns poucos afortunados. Mas se a sorte nos contemplar em 2023 , seja bem-vinda!

Bem, meus caros, de toda forma são os votos que formulo para você e os seus em 2023: saúde, sorte, sucesso.

sábado, 24 de dezembro de 2022

SOBRE NATAL E ANO NOVO

 Vamos recapitular.

Nasci em Linha Arlindo onde meu pai tinha um pequeno armazém. Naquele tempo o nascimento não era complicado: meu pai chamou uma parteira que assistiu ao parto em casa mesmo. Apesar das advertências da minha mãe,  que não queria outra criança tão logo, meu pai alegou que mulher  não engravidava enquanto desse de mamar. Resultado: minha irmã Lia nasceu antes que eu completasse um ano.

Meu pai se mudou para a cidade em Santa Cruz e abriu um armazém de secos e molhados  na rua Thomas Flores, na esquina com João Alves. Isso quando eu tinha 6 anos.

Na época a cidade parava  praticamente aí.

Nos domingos o pessoal da colônia vinha de carroça para assistir a missa bem de madrugada. Lavavam os pés nos fundos do nosso armazém .

Naquele tempo o Natal era algo muito lindo. As mães montavam vistosos enfeites, que elas mesmas faziam. Os pinheirinhos eram naturais.

Os presentes eram muito poucos, mas nos traziam muita alegria.

Enquanto eu era solteiro  sempre passava o Natal com meus pais.

Aí aconteceram uma série de evoluções. Ao me casar logo vi que os costumes da minha então  esposa eram diferentes dos da minha família. Não digo melhores ou piores. Eram diferentes.

Pouco a pouco notei que o Natal, em muitos lares, não tinha as cantorias e rezas a que estávamos acostumados.

O consumo foi se apossando de quase tudo. As crianças passavam a  nadar em presentes. 

Ao invés das simples refeições e orações, alguns natais se transformaram em foguetórios.

Resolvi  me esconder, com a família, em lugares calmos e silenciosos.

Acontece que os filhos crescem, casam, têm seus filhos. Por vezes vão morar em lugares distantes. 

Meu filho mais velho mora com sua família na Alemanha. Já está há cinco anos e não tem planos de voltar.

Resumo da ópera: nem sempre se consegue reunir todos em seu torno. 

Decidimos então, minha esposa do segundo casamento  e eu, passarmos o Natal na fazenda, comendo algo frugal e dormindo cedo. 

Lá não chega o barulho dos fogos de artifício.

Não nos arriscamos mais a ficar na cidade no dia primeiro do ano. Aí sim é um horror  para cães e outros animais, principalmente nos balneários. O foguetório faz os pobres animais entrarem em pânico. Muitos fogem de casa. O estrondo  dos fogos machuca o tímpano dos nossos irmãos animais.

Como é que tem gente que gosta disso?

Esse é o preço que se paga quando se tem mais idade: ao fim e ao cabo se constata que o divino aniversariante é totalmente esquecido.

Aos poucos as orações e as tradições desaparecem e em seu lugar reina o nada.

Estarei em erro?




quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

O SENSATO GENERAL MOURÃO

“Lula foi eleito e tem que governar”. Mourão descarta intervenção. ( entrevista na Gazeta de 2.12, 2022). Esses dias o General concedeu uma bela entrevista à Gazeta do Sul.Por sinal a Gazeta é um Grupo para o qual escrevo desde os 15 anos. Gostaria de dizer que gosto muito do Exército Nacional e por ele tenho muito respeito. Fui Juiz de Direito em Santiago-RS, com menos de 30 anos. Santiago tem quatro quartéis , se não me engano. Ali conheci o General Heraldo Tavares Alves, hoje falecido. Era um homem religioso, muito refinado e elegante. Nós dois sempre nos sentávamos juntos na antiga igreja de Santiago. Havia um padre jovem que gostava de censurar os autores do golpe militar. Eu ficava na minha e o General ficava tranquilo. Dito isso, vamos aos assuntos com o General Mourão. Desculpem-me se erro. O então candidato a Presidente Bolsonaro não parecia ser muito próximo do General. Eleição terminada, me pareceu que Bolsonaro não fez muito caso de seu vice. O General, no entanto, manteve-se tranquilo e não reclamou. Quando se aproximaram as novas eleições o General foi esquecido. Mourão não gritou, não reclamou , candidatou-se ao Senado e foi vitorioso. Imediatamente surgiram, de muitos cantos, indivíduos que não se conformavam com o resultado das eleições. Para irem votar não reclamaram de nada. Pessoas de boa índole, até acho que sérias, foram convencidas de que houvera fraude. O General Mourão, ainda vice-presidente da República, concedeu uma entrevista à Gazeta dizendo que Bolsonaro perdeu as eleições e que o vencedor iria assumir. Enfim, o General Mourão, homem sério, no próprio dia em que terminaram as eleições, apoiou o que a maioria do povo decidiu. Concordo que é lícito a quem perdeu não se conformar. A inconformidade, porém, não há de ser agressiva, muito menos se vem acompanhada de fechamento de estradas e outros logradouros. Consta que vários bloqueios de estradas foram patrocinados por terceiros, o que entendo como beirando às raias de ilícito penal. Por sinal ,a matéria está sendo estudada pela Polícia Federal. Nem Bolsonaro apoiou esses absurdos que fizeram o país parar por uns dias. Ao contrário, proclamou para a nação inteira que cessassem os distúrbios. Esclareço que não entro no mérito das qualidades ou não dos candidatos. Refiro-me a “ virada de mesa”. Os que acham que as Forças Armadas devem intervir, que protestem de maneira ordeira . Ou querem discordar do General Mourão e do próprio Bolsonaro?

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

EDUARDO LEITE

Como eu disse num artigo de algum tempo atrás,durante a Expointer eu sempre era convocado pelo Paulo Sérgio Pinto, vice-presidente da Rede Pampa, para participar das entrevistas com diversos personagens da política e do agronegócio. Tudo ao vivo desde a bela casa que a Pampa tem lá dentro da parte nobre do Parque. Paulo Sérgio e eu somos amigos antiquíssimos. Inclusive a filha dele, Ana Paula, ao se formar em Veterinária, nos honrou com um pedido de estagiar na Pecuária Gessinger. E lá ficou Ana Paula vários meses sujando as botas, vacinando o gado. Enfim, aprendendo a prática. Nos comovemos, Maristela e eu, porque existem centenas de estâncias mais aparelhadas. Ana Paula não aceitou, quando de nossa ausência, almoçar na nossa casa. Ela fazia questão de almoçar na casa do capataz. Voltando ao assunto do programa, também já ia esquecendo que durante cinco anos tivemos um programa na Rádio Pampa, todos os domingos das 7 às 9.30, ao vivo.O Rudolf, ainda piá, anotava os recados. Parei por causa da falta de tempo. Mas tenho saudade. Bem antes das eleições vencidas por Eduardo Leite ele foi convidado para integrar a banca da Pampa, ao vivo, direto do estúdio ali no parque. Quando Eduardo Leite adentrou, ele sentou ao meu lado, após as apresentações. Muito bem vestido com a indumentária gaúcha. Logo pensei: esse rapaz de seus trinta e poucos anos deve ser gauchinho de apartamento. Nada disso, o cara conhecia tudo de pecuária , finanças e tal. Na saída eu profetizei ao grupo: " bota esse cara na televisão e ele mata a pau". Leite se manteve calmo e respeitoso ante as crises que jorravam de Brasília. Ficou frio durante esse emaranhado de “fake news” em que uma ala da política se envolveu. Num churrasco no galpão do Palácio, recebeu vários próceres políticos de outros Estados. Não muitos, mas também não poucos. Era um balão de ensaio. Colocaram seu bloco na rua. Hoje, com a TV e as redes sociais, nunca se pode prever com exatidão uma eleição. Vide Bolsonaro. Voltando: Eduardo expôs sua preferência sexual sem medo. Pensei , desde o começo, que ele teria que tentar um novo governo estadual. Andou tentando algumas alianças, mas não deu certo. Quase perdeu as novas eleições, mas foi hábil, muito hábil. Enquanto no Planalto fermentavam horrores inconfessáveis, Eduardo e seu vice agiram serenos. Tenho fé na minha amiga a Simone Tebet. Que dupla maravilhosa seria para um vôo mais ousado. Quem viver, verá. (Em tempo: saibamos perder. O Direito deve prevalecer.Dezenas de séculos sabem mais que nós).