sábado, 29 de maio de 2021

CRÔNICA DE RUDOLF GENRO GESSINGER

 É ESSE O GATO!

Faz um ano que saí de casa para adotar um gato

Rua de cima, barbada. O bichano já tinha até nome: Fragoso
Singela homenagem a um dos maiores penalistas brasileiros do século XX.

Chegando lá, nada de gatos, nem de pessoas, nem de coronavírus.
Só um pálio vermelho estacionado no pátio da frente.

Fragoso não estava na casa dele, nem viria pra minha. Não naquele dia.

Minha mãe estava comigo e resolvemos voltar pelo outro lado. Afinal, era uma oportunidade rara de sair para dar uma caminhada juntos.

Não demorou meia quadra até uma cadela boxer latir furiosa contra a nossa proximidade. A dona dela estava sentada na frente de casa, e era conhecida da minha mãe.

Elas se cumprimentaram e resolveram conversar. Entrando junto com a dona da casa, a boxer não foi agressiva conosco. Ao contrário, veio nos cheirar assim como um boxer macho, que só então vi.

A dona deles nos contou que recém tinha doado a última fêmea "pura" da ninhada produto da cruza indesejada dos dois. Sobraram duas filhotas que ela tinha resolvido criar.

Uma delas era malhada, com algumas pintas pelo corpo. Ela veio dum pátio pequeno do fundo da casa andando devagar, bem desajeitada, mas cuidadosa.

Ela andava se torcendo, como quem pega carona no reboque. Também parecia que tremia de frio. Era pequena, tinha dois meses e deveria medir menos de 30 cm.

Ela já tinha nome: Sissi.

Sissi se aproximou e me abaixei para ver fazer um carinho nela. Ela não tremia só de frio, sua então dona contou que a "malhada" tinha sido rejeitada pela mãe, que lhe negava leite, subindo numa cadeira alta toda vez que Sissi queria mamar.

Ela sofreu com a desnutrição. Sobreviveu à base de leite ninho e certamente de alguma roubadinha das tetas de sua mãe quando mais de seus irmãos estavam por perto querendo mamar.

Por isso o nome da famosa imperatriz da Áustria: Sissi era uma guerreira!... com muito frio.

Puxei Sissi para o meu colo. Ela suavemente encostou a cabeça entre meu peito e meu ombro e fechou os olhos bem devagar.

Foi o amor à primeira vista. Tirei os olhos dela e vi que minha mãe também tinha visto a cena e sentido o mesmo.

Sissi tinha entrado pra família, não tínhamos a menor dúvida.

Enrolei a Sissi no meu moletom e voltamos os três pra casa. Meu pai abriu pra nós, achando estranha a imagem que via.

- aí ó, é esse o gato!

- mas é um cachorro...

- pois é; é a Sissi.

Atualmente, Sissi recém deixou de ser uma filhotona. Ela é forte, corre pelos dois pátios da casa, rói muitos ossos e vive todos os dias feliz, com a língua de fora e abanando seu rabão comprido.

Ela ainda anda se torcendo toda vez que me vê, mas agora o motivo é uma felicidade que explode em cada parte de seu corpo.

Sissi é o louco amor na forma de uma criatura.

A vinda dela é a prova de que as melhores coisas acontecem inesperadamente

E de que nossos projetos de vida podem não ser como tanto planejamos: Podem ser ainda melhores!

 

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quinta-feira, 27 de maio de 2021

UMA AMIZADE DE DÉCADAS (2)

 Conforme prometido vou contar o que aconteceu com meu amigo nos idos de 1964.

 

Rui Sulzbacher morava na casa da UESC , na rua Tomás Flores, no Bairro Bom Fim, em P. Alegre. No dia 1 de junho de 1964 dirigiu-se à Faculdade de Direito da UFRGS por volta das 19 horas. Ao entrar no portão foi abordado por dois agentes do Dops que lhe deram voz de prisão. Levaram-no até a casa da UESC e procederam a uma revista no seu quarto.  Encontraram o que na época se chamava de "farto material  subversivo", a saber livros da literatura russa e o pior: um livro intitulado de "Memórias Póstumas de Brás Cubas". Teria Machado de Assis alguma ligação com Cuba?

Foi levado à sede do DOPS e de inhapa levaram junto seu companheiro de quarto e diretor da casa. 

Vou me ater ao que aconteceu com Rui, contado por ele mesmo.

Rui e o diretor da casa foram presos em torno das 20 horas e torturados a noite toda, liberados na sexta-feira seguinte, dia 5, graças à intervenção do falecido deputado conterrâneo Siegfried Heuser, patrono da casa do estudante santa-cruzense (CESC).

Essas prisões foram manchetes nos jornais de Porto Alegre.

Evidentemente o nome de Rui foi para todos os órgãos policiais e o SNI.

A partir daí tudo começou a ficar difícil para ele.

No concurso do Ministério Público Estadual sua inscrição foi liminarmente negada. No concurso de juiz adjunto, tendo passado nos exames escrito e oral, após o veto da Secretaria de Segurança, foi "reprovado" no exame psicotécnico. No concurso do ano seguinte foi logo "reprovado" no exame oral.

Acabou se inscrevendo no concurso para Procurador da República. Nessa foi bem em todas as provas mas encontrou, de novo, o entrave pela " ficha de subversivo". Graças à família Degrazia, de Itaqui, que tinha excelentes ligações com as altas esferas do poder, lhe foi concedido tomar posse. 

Eu mesmo, que acompanhava o drama de Rui, pedi ao meu amigo General Heraldo Tavares Alves, que intercedesse para que Rui assumisse.

Passado o período de exceção e com a volta da democracia, Rui foi atrás e conseguiu localizar os documentos que comprovaram o que agora refiro.

 

Atualmente Rui está aposentado e mora num sítio em Florianópolis.

Comigo, por aquela época, aconteceu um fato hilário.

Eu estava no quarto ano do Direito, na UFRGS , e no no recreio, conversando com colegas, disse que estava mais que na hora de termos uma democracia. Alguém deve ter ouvido e mais tarde isso me trouxe problemas antes de assumir um cargo público, qual seja o cargo de juiz de direito. 

Mas isso é assunto para outra crônica.


terça-feira, 25 de maio de 2021

TITO GUARNIERE BRILHANTE

 T

 

MATEMÁTICA E CIÊNCIAS: FOCO ESTRATÉGICO 

 

Um recente estudo da Universidade de Harvard revelou a relação existente entre o ensino de matemática e ciências e o estágio de desenvolvimento dos países. Não chega a ser uma grande novidade – os países são tanto mais ricos quanto privilegiam o ensino daquelas disciplinas. 

 

Faz todo o sentido. Não se fabricam chips, novos equipamentos de imagem e informática, smartphones, sem a busca obsessiva e a pesquisa no campo de novos materiais, que precisam ser cada vez mais leves e resistentes. Não se criam e desenvolvem programas de informática e aplicativos com dissertações de sociologia. 

 

No Brasil há cursos e alunos demais em letras, sociologia, pedagogia, direito, história, filosofia. Temos mais de um milhão de advogados – nenhum país do mundo se aproxima desse número. Não pode dar certo um país que tem mais faculdades de direito do que no resto do planeta - o sinal eloquente do bacharelismo que sempre foi uma marca do ensino brasileiro. 

 

Quando se avaliam os cursos de matemática e de ciência no Brasil a nossa posição está sempre lá atrás, entre os últimos. É evidente que no patamar sofrível do ensino dessas matérias está uma das razões essenciais do nosso atraso e paralisia, das nossas décadas perdidas. 

 

São raras as ilhas de qualidade ou excelência nessas áreas. O retardo, a nota mediana, passar de ano raspando, tudo é aceito como normal, como se as coisas tivessem de ser assim. Ninguém ousa propor algo diferente, soluções inovadoras que já foram aplicadas e deram certo em vários países. Falo de estímulos extras para os professores, em salários, abonos e vantagens. Ninguém ousa tocar no tabu da isonomia salarial, cláusula pétrea defendida pela esmagadora maioria dos nossos pedagogos, burocratas, estudiosos, intelectuais. 

 

E, no entanto, seria um bom começo para uma mudança de profundidade: aumentar exponencialmente o número de professores nas respectivas áreas, com salários diferenciados, qualificando-os em programas duradouros de aprimoramento e atualização. Da melhoria do ensino naquelas áreas, resultará uma oferta substanciosa de profissionais qualificados para as demandas do nosso tempo. 

 

A Coreia do Sul é um dos países que em 20 ou 30 anos deu salto de prosperidade focando no ensino de matemática e ciências. Hoje em dia, com um território de tamanho parecido com o estado de Santa Catarina, e com uma população quatro vezes menor do que o Brasil, deixou-nos para trás e tem um PIB maior do que o nosso. 

 

O progresso econômico (e por consequência, o social) no mundo de hoje está calcado na capacidade de avançar nas ferramentas da ciência e tecnologia, na produtividade do trabalho, na capacidade agregar valor e utilidade ao que se produz. Não há como superar o estágio medíocre em que estamos, sem o passo estratégico de dar foco especial ao ensino da matemática e de ciências, ligando o estudo e a escola às demandas e necessidades do setor produtivo. 

 

O apego ao beletrismo, ao pensamento diletante, à obsessão das ciências sociais de mudar o mundo através das narrativas politizadas – nada disso ajuda a sair do atoleiro onde estamos empacados. 

segunda-feira, 24 de maio de 2021

LEVE-ME PARA O FUTURO = MARINA MONDADORI GESSINGER

 Leve-me para o Futuro

Eu sabia que esse dia ia chegar, mas posterguei ele tanto quanto pude. O dia em que precisaria aprender a programar. Sim, programação de computadores! Só de ouvir essa frase me dava calafrios.

Pois bem, tudo começou quando participei de um Hackaton na John Deere, onde o meu time propôs uma solução baseada em Machine Learning. Até então eu conhecia muito pouco desse universo.

Machine Learning, ou "aprendizagem de máquina", para quem nunca ouviu falar, é uma sub área da Inteligência Artificial, que está inserida em um contexto maior: Data Science. Em poucas palavras, técnicas de Machine Learning são capazes de fazer previsões sobre qualquer coisa, com base em dados históricos. O poder dessa técnica me encantou e, naquele momento, decidi que aprenderia como desenvolver modelos e fazer previsões. Isso me ajudaria a resolver uma quantidade maior de problemas. Desde então tenho estudado as linguagens R, Python e SQL, além de outras ferramentas para análise de dados.

Aqui vão as lições que tirei (até agora) dessa incrível jornada:

1 — Tudo, absolutamente tudo, se aprende.

Aprender uma linguagem de programação requer um certo nível de abstração e, para quem achava que Python era uma cobra (kkkk), o caminho foi tortuoso, sim. Algumas coisas simplesmente não faziam sentido. Entendi que o aprendizado leva um tempo para maturar, independentemente de quantas horas você estuda. No decorrer dos dias e semanas, aquilo começa a fazer sentido.

Intelectualmente falando, tudo é possível. O que precisamos é respeitar o nosso tempo.

2 — Eu vou errar, centenas de milhares de vezes. Que bom!

Na primeira aula de introdução à linguagem Python o professor me disse isso. Achei que era um papo de "coach".

Ninguém gosta de errar e eu não sou diferente. Mas quando tudo dá certo e funciona às mil maravilhas, não se tem o aprendizado. O que faremos quando a vida real nos der uma rasteira (ou várias)? Conviver com o erro é fundamental e saudável. Com ele se aprende de verdade.

3 — Ler as mensagens de erros (em todos os lugares)

Olha o erro aí de novo gente! Isto é algo para a vida.

Analisar dados também é analisar erros. A gente tende a travar quando vê uma mensagem vermelha escrita ERROR. Porém é ela que vai dar a primeira pista para resolver o problema. Muitas vezes ela já traz até a solução! Me disseram que eu iria amar mensagens de erro. Duvidei. Eu estava errada!

4 — Ter um projeto para praticar

O fato de eu ter um projeto para aplicar o conhecimento está fazendo toda a diferença. Programar por programar causaria frustração. Afinal, programação não é um hobby. Aprender ferramentas de análise de dados tem um objetivo: resolver problemas. "Para resolver problemas complexos você vai precisar de ferramentas sofisticadas". Aqui, em "projeto" leia-se problema. Os problemas estão em todos os lugares, escolha um para resolver e vá em frente!

5 — Tentar não ser tãaaao exigente

Eu disse tentar, porque "sou implacavelmente exigente." Estou tentando mudar isso com o seguinte mantra: vou fazer um pouco hoje, um pouco amanhã e um pouco depois.

Por outro lado, gosto bastante de celebrar e, a cada final de módulo, comemoro das mais variadas formas.

Essas são algumas das reflexões desde comecei a aprender técnicas de análise de dados do zero. O que você acrescentaria nessa lista? E que outros temas gostaria de ler aqui no Linkedin?

Um abraço e até a próxima!

Marina

quinta-feira, 20 de maio de 2021

CRÔNICA DE FRANKLIN CUNHA

 


DE GETÚLIO MARCANTONIO A GENTE NÃO ESQUECE

Franklin Marcantonio Cunha


In memoriam

Nos verões viajávamos de Antônio Prado a Vacaria, de onde minha nona Angelina, de charrete, e eu a cavalo, íamos até a fazenda do tio Camilo Marcantonio passar de 30 a 40 dias. Lembro-me que na primeira vez, meu cicerone na viajem de 35 quilômetros foi o Ulisses Gargioni, casado com a prima Maninha. No pátio da loja dos Marcantonio, nos aguardavam dois cavalos já encilhados. Um grandalhão, possante e o outro era uma eguinha, bem menor. Ulisses, honestamente, mandou escolher minha montaria, e eu, claro escolhi o cavalão. Acontece que este marchava pesado, aos solavancos e a eguinha era excelente marchadeira, trotava, quase levitava. Pois, nesse dia, cheguei à fazenda com a bunda doendo barbaridade, mas recebido com alegria pelo primo Getulio, que viu em mim um companheiro para as férias, o que me aliviou muito as dores resultantes da cavalgada. É desse Getúlio que desejo falar, pois sua vida pública é bem conhecida de todo o Rio Grande no exercício de cargos como advogado, deputado, secretário da agricultura, escritor, tradicionalista e líder ruralista.

Pois então, nos campos da Vacaria, em longos e soleados verões, vivíamos os encantos das verdes pastagens, admirando extasiados os bandos de velozes veados, avestruzes, capivaras, tatus e mesmo de algum gado alçado que naqueles tempos ainda existia. Acordávamos cedo para tirar o apojo das vacas e preparar o “camargo“, deliciosa bebida, especialidade dos campos serranos, provável colaboração culinária dos tropeiros paulistas que povoaram os campos da Vacaria.

Não posso esquecer o café da manhã acompanhado com guisado de carne de tatu enfarofada; bicho que caçávamos nas noites enluaradas. De vez em quando, montados em petiços, ajudávamos a parar rodeios e a dar banho no gado. E depois eram brincadeiras constantes, correndo atrás de ovelhas, de avestruzes e de quero-queros. Por fim, suados e cansados, tomávamos reconfortantes banhos no açude, perto das casas. E nosso dia terminava, após a janta, ouvindo o capataz, seu Fortunato, à luz de um lampião de querosene, a contar histórias de assombrações, boitatás, lobisomens, mulas sem cabeça e almas penadas que habitavam os campos e a imaginação de dois adolescentes que, assustados, ao atravessar os longos e escuros corredores da casa, iam dormir assobiando para afastar o medo.

Anos depois, fomos estudar em Porto Alegre. Getúlio escolheu a advocacia e eu, a Medicina, e aí ficamos algo distanciados no convívio amistoso, pois, antes do curso médico, fui ser piloto da Varig onde “fiz coisas no ar“, durante seis anos.

Mais tarde encontrei Getúlio já como deputado do Partido Libertador, cargo que exerceu por quatro legislaturas. E, como todos os libertadores daquela época, exerceu seus mandatos com retidão e comportamento de absoluto respeito à coisa pública. Morou desde seu casamento com a afetuosa e solidária esposa Mariza, sempre no mesmo apartamento, modesto quando comparado com as mansões de certos políticos modernos. Em sua pequena fazenda, obtida de herança de seus pais, Camilo e Dora, Getúlio exercia a lide que, talvez, lhe desse mais satisfação e prazer. Era a criação de búfalos que com modernas tecnologias, dedicação e mesmo com alegria e competência, demonstrava e ensinava em reuniões periódicas aos criadores amigos em sua FEDERACITE, como manejar o gado de forma simples, econômica, porém rentável.

Com a família Getúlio praticava o afeto e a dedicação. Sempre presente, não deixava de ser rigoroso em relação a certo tipo de educação que ele acreditava ser a mais apropriada para seus filhos. Ele e Mariza sempre foram católicos praticantes e dos que realmente praticavam o catolicismo com fé e crença nos princípios de sua religião. E se foi acertada tal tipo de educação, podemos comprovar que o foi pelos resultados obtidos com seus filhos: Aurélio, Silvana, Maria Isabel e Isadora, que com seus comportamentos e sucessos profissionais só lhe proporcionaram alegrias, satisfação e a grande retribuição afetuosa que teve deles por toda sua vida.

Assim foi Getúlio Marcantonio na sua vida pública e na pessoal, coerente com seus princípios, autêntico como ser político e como pai de família, enfim um desses homens que em nossos horizontes pátrios da atualidade temos dificuldades em vislumbrar outros iguais e ele.

E é por isso que homens como Getúlio Marcantonio a gente não esquece.

Natural de Vacaria , Getulio Marcantonio , assim como Franklin Cunha, ou Franklin Marcantonio da Cunha, são netos do Francisco Marcantonio , que foi prefeito de Antônio Prado . Crias da casa pradense são amostra do vigor do imigrante espraiado pelos campos e cidades do RS e agitando a vida política e intelectual rio-grandense. Ambos foram e são escritores. Franklin, irmão de meu pai, Telmo Cunha , é escritor reconhecido fora de sua terra ... até hoje. Ele nasceu na esquina da praça No Casarão Marcantonio onde sua mãe vivia. 





 


quarta-feira, 19 de maio de 2021

BELA CRÔNICA DE ROSANE DE OLIVEIRA

 Às vésperas de completar um mês da minha primeira dose da vacina Oxford/AstraZeneca, vou embarcar em um avião, pela primeira vez desde fevereiro de 2020, para visitar meu filho que mora em São Paulo. Decisão pensada e repensada, já que não nos vemos desde o Natal. Ele já teve covidmas não tem perspectiva de ser vacinado tão cedo. Não conseguimos celebrar seus 30 anos, por causa da pandemia. No Dia das Mães, preferi encontrar a minha que, como contei aqui, fez 79 anos em 10 de maio.


A imunização parcial me animou a fazer esta primeira viagem no fim de semana de folga. Serão menos de 48 horas em São Paulo, mas tenho a mesma sensação de quando viajei de avião pela primeira vez, aos 18, para as primeiras férias no Rio. Naquele tempo da pré-história das viagens fáceis, entrei na loja da Varig na Praça da Alfândega, comprei uma passagem de ida e volta em 12 vezes e precisei dominar a ansiedade dos dias que antecederam meu encontro com a cidade mais bonita do Brasil.

Agora, estarei em São Paulo no sétimo dia da morte do prefeito Bruno Covas, 41 anos. A cena dele, debilitado, de mãos dadas com o filho Tomaz, de 15 anos, reforçou em mim o desejo de passar mais tempo com meus filhos, porque a vida é curta demais e temos que escolher o que realmente importa.

Covas foi julgado no tribunal implacável das redes sociais por ter concorrido à reeleição (uma forma de se manter vivo) e ido ao Maracanã com o filho ver a final da Libertadores. À época, já doente, disse uma frase que agora foi lembrada incontáveis vezes: “Talvez eu não tenha outra chance de levar meu filho ao Maracanã para ver uma final da Libertadores”. Tomaz nunca esquecerá desse dia.

Perguntei a meu filho o que ele queria que levasse de Porto Alegre. Fez apenas um pedido: capeletti congelado para tomar a sopa que só eu sei fazer. Vou levar, porque um desejo de filho é uma ordem. E vou pensar muito antes de decidir no que vale a pena gastar o tempo, esse artigo de luxo que, se não for bem usado, vira pó.

terça-feira, 18 de maio de 2021

CRÔNICA DE TITO GUARNIERE

 

 

NÃO TEM PERIGO 

 

O Brasil não tem o menor perigo de dar certo. Mais o tempo passa e tudo que era ruim parece ficar pior. Não consigo ver sinal algum de esperança. 

 

Vejam a reforma administrativa. A ideia simples é superar certas disfunções e regalias, que travam o serviço público, que fazem dele esse leviatã de ineficiência e burocratismo, que inferniza a vida dos cidadãos. A reforma em curso é uma mudancinha, que apenas tangencia as anomalias existentes. Basta ver que ela não atinge nenhum dos atuais servidores, só valem para o futuro! 

 

Mas mesmo assim, ela estaca nas barricadas das corporações de servidores, de longe, a influência mais poderosa nas decisões do Estado brasileiro. O dogma de esquerda diz que no Estado capitalista quem dá as cartas são as grandes corporações empresariais. Só em parte. Ao menos no Brasil, quem manda mesmo, quem amolda o Estado a seu jeito e favor são as corporações do funcionalismo. 

 

A novidade do momento é a aliança do Centrão bolsonarista com as corporações do serviço público, para postergar a reforma mixuruca, por causa das eleições do ano que vem – ninguém quer perder votos com um assunto sensível. Ninguém quer bulir com o funcionalismo. 

 

Ou seja, uma parte do funcionalismo xinga Bolsonaro de fascista e de genocida, mas dependendo o caso tocam de ouvido. Não é novidade. Bolsonaro sempre se entendeu bem e votou com as esquerdas nessas questões. 

 

No Rio de Janeiro, aquela ferida incurável do Brasil, mais de 200 policiais saem à cata de 21 condenados com mandado de prisão, no morro do Jacarezinho. Conseguem prender apenas três. Mas aproveitam a viagem e deixam estirados no chão 28 cadáveres crivados de balas. Pelo menos nove deles tinham ficha limpa na Justiça. 

 

Os responsáveis ficam indignados quando alguém chama a operação de chacina. Só um querubim vindo direto do céu acredita que nenhum inocente morreu no tiroteio. 

 

O ato de barbárie – em país civilizado jamais seria tolerado – é recebido com aplausos no governo, nas hostes bolsonaristas. O general Hamilton Mourão, que vez por outra demonstra algum senso das coisas, entra no jogo bruto e antes que os cadáveres esfriem dá o tom: eram todos bandidos. 

 

Não se constrói uma nação decente assassinando a granel os seus concidadãos. 

 

Depois do escândalo dos Anões do Orçamento, há mais de 30 anos, depois do mensalão que quase derrubou Lula no seu primeiro governo, era de se prever que nada parecido voltaria a acontecer. Uma reportagem do Estadão, entretanto, revelou que a malfadada prática voltou com tudo. 

 

Funciona assim: os parlamentares reservam no orçamento um valor bruto, de livre alocação, da ordem dos R$ 3 bilhões de reais. O valor é fatiado na forma de emendas entre os amigos do rei, os deputados e senadores fiéis ao governo. A fonte jorra para a compra de equipamentos e obras paroquiais: o mimo vale ouro na reeleição de deputados e senadores. Assim, com o dinheiro do distinto público, Bolsonaro afasta a ameaça de impeachment e garante alianças preciosas na eleição de 2022. 

 

Mensalão puro, Bolsolão puro. Se isso não é corrupção, eu não sei o que possa ser. 

 

titoguarniere@outlook.com 


domingo, 16 de maio de 2021

ARTIGO DO ACADÊMICO FRANKLIN CUNHA

 

Implosão demográfica: um sismo social e econômico que se aproxima

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“AS BASES DEMOGRÁFICAS DO MUNDO ESTÃO SE FRATURANDO. O AUMENTO DO NÚMERO DE IDOSOS E A DIMINUIÇÃO DA NATALIDADE, INICIARAM UM ABALO SÍSMICO DEMOGRÁFICO NA PIRÂMIDE DE IDADE DAS POPULAÇÕES. NUM FUTURO PRÓXIMO, O NÚMERO DE IDOSOS SUPERARÁ O DE JOVENS E NA MAIORIA DOS PAÍSES SE DARÁ UMA VERDADEIRA “IMPLOSÃO DEMOGRÁFICA”.

PAUL WALLACE
(Economista da Universidade de Cambridge e da London School of Economics)

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Na maioria dos países industrializados e prósperos está começando a produzir-se uma transformação extraordinária à medida que, pela primeira vez na história da humanidade, as pessoas de idade avançada superam em número as mais jovens. Paralelamente, já se iniciou um decréscimo da população, uma reversão acelerada do crescimento demográfico que se registrava há dois séculos. Na verdade, este é um fenômeno global em que os países ricos do Ocidente estão na frente, mas o resto do mundo o segue.

Nos últimos anos os demógrafos se olham surpresos ante a redução sem precedentes das taxas de natalidade, fato  que poderá estabilizar a população mundial antes da metade do século XXI. Embora esta segue crescendo, o certo é que a taxa de crescimento alcançou o seu pico no final da década de 1960 e agora está caindo aceleradamente.

Um triunfo da humanidade, dizem alguns, tendo-se em conta a perspectiva de um mundo superpovoado. Porém, o decréscimo demográfico está sendo acompanhadopari passu pelo envelhecimento das populações e a diminuição do número de jovens. Um dos aspetos negativos deste fenômeno, é o fato que os governos têm reduzido os gastos em educação, saúde e pesquisa científica para poder enfrentar os custos que geram as aposentadorias,  pensões e assistência médica.

Atualmente, este fato demográfico está ocorrendo também nos países subdesenvolvidos.Estima-se que lá por 2016, mais 28 nações em vias de desenvolvimento atinjam taxas de crescimento populacional estáveis e um rápido envelhecimento de seus habitantes. Entre estas estão certamente a Índia, Indonésia, Tailândia, China, Egito e Brasil.

As decrescentes taxas de fecundidade, já estão quase atingindo os níveis de substituição ( 2,2 filhos por mulher), e alguns, como a China e a Tailândia, já estão abaixo dessas taxas. Prevê-se que o Brasil, entre 2015 a 2025 chegue às taxas de substituição e a população se estabilize, mesmo sem qualquer interferência governamental ou qualquer surto paranóico da classe média e da mídia.(Ambos setores julgam ser os pobres os causadores diretos e inevitáveis da pobreza )

As projeções da ONU indicam que a população mundial prevista anteriormente para chegar a 9 bilhões em 2050, com a reavaliação feita baseada nas atuais taxas decrescentes de fertilidade, alcançará o pico de sete e meio bilhões em 2040 e depois começará a decrescer.

Esta situação, de verdadeira implosão demográfica, já é motivo de alarme nos países do Primeiro Mundo. Com taxas de fertilidade de menos de dois filhos por mulher, existem extrapolações demográficas que assinalam, por exemplo, a extinção do povo italiano e alemão dentro de dois séculos !!!

Na Europa, mesmo Portugal e Irlanda que há 25 anos tinham taxas de fecundidade de 2,7 filhos, hoje estas taxas são de 1,3. E os governantes portugueses, imitando o que já fazem os alemães, franceses e suecos, por exemplo, estão estimulando os nascimentos por meio de incentivos monetários e fiscais. Ou, como fazem os italianos, outorgar a cidadania nacional  aos seus  oriundi.

Porque as taxas de fertilidade estão caindo em todo o mundo.

Fundamentalmente há as seguintes explicações.

Em primeiro lugar observou-se que as melhorias econômicas, de distribuição de renda, de educação, de saúde se acompanham de diminuição das taxas de fertilidade. Mas, mesmo em países em que estas melhorias não foram muito acentuadas, houve decréscimo da natalidade.  A explicação dos demógrafos é que a urbanização crescente, também  um fenômeno mundial, é que proporciona mudanças de comportamentos culturais, entre estes, o de ter menos filhos .

A disseminação dos vários métodos anticoncepcionais, também têm colaborado junto com a larga prática legal e ilegal de abortamentos.

A  crescente participação da mulher no mercado de trabalho e o custo cada vez mais elevado na criação dos filhos são dois outros fatores de incentivo à desnatalidade.

A médio prazo estaremos velhos.

Na década de 30 do século passado, o famoso economista John Maynard Keynes querendo acentuar a urgência das reformas econômicas dos EEUU para fugir da depressão, disse que “a longo prazo todos estaremos mortos“. Nós queremos sugerir outra frase: “a médio prazo todos estaremos velhos “. O grande número de idosos e o pequeno número de jovens, estabelecerão os parâmetros econômicos e sociais em futuro próximo. As verdadeiras consequências deste sismo demográfico se farão notar dentro de 20 anos. Mas, os tremores premonitórios já estão repercutindo na economia. Os mais fortes que logo virão, sacudirão todos os aspetos das nossas vidas, desde o panorama dos mercados de valores até o preço das vivendas, desde as perspectivas de obtenção de trabalho até o futuro da assistência social, dos seguros-saúde, das aposentadorias, das relações familiares. Enfim, toda nossa a forma de  viver e de morrer.

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quinta-feira, 13 de maio de 2021

UMA AMIZADE DE DÉCADAS

 Meu pai tinha armazém, como já aqui referido, na esquina da Tomás Flores com João Werlang, em Santa Cruz do Sul. Por vezes carregava sua caminhonete com produtos e se ia para as colônias revender. 

Ele gostava de terminar a distribuição lá em Linha Antão, no comércio do sr. Edwin Sulzbacher. Por vezes me levava junto, isso desde quando eu tinha uns 7 anos.

Eu ficava brincando com um filho do sr. Edwin de nome Rui.

Rui fez a escola inicial em Linha Antão, onde lecionava a professora Edorilda Barbian, e depois foi estudar no Liceu São Luiz. 

Quando tínhamos uns 14 anos  fomos com uma turma de Santa Cruz estudar no Kappesberg ( Colégio Santo Inácio, dos jesuítas). Lá Rui e eu ajudávamos um ao outro. Decidi retornar  a Santa Cruz depois de quase dois anos. Voltei para o São Luiz e depois  Mauá. Rui foi direto estudar no Anchieta em Porto Alegre. Mais tarde, fui fazer o terceiro ano Clássico no Colégio Júlio de Castilhos onde Rui já estava. Acabamos indo os dois morar na casa da Uesc em Porto Alegre. 

Ruizinho, como era seu apelido, ingressou na Faculdade de Direito da UFRGS em 1964 e eu no ano seguinte. 

Depois de formados tivemos um escritório juntos em Porto Alegre. Passei em seguida  no concurso para juiz de direito. Ruizinho recebeu um convite para advogar em Itaqui.

Tempos depois fui promovido para Santiago. De lá era mais fácil nos comunicarmos. 

Pouco depois ele passou no concurso para Procurador da República. Andou por esse Brasil afora mas acabamos nos reencontrando quando ele se transferiu para Florianópolis. Passávamos nos visitando. Já tínhamos família e filhos.

Eu, por breve tempo , tive uma pequena casa em Morro dos Conventos. Um dia ele veio me visitar. Peguei uma rede de pesca bem grande e pedi que ele segurasse as pontas dela. Entrei na água para levar a outra ponta  para depois da rebentação. Imprudência total. Não consegui voltar. Num momento em que peguei uma onda alta fiz um desesperado gesto que me puxasse para fora. Ele pediu socorro  e consegui a duras penas passar a rebentação.Soltei a rede , pois temia que me enroscasse , mantive a calma  e consegui sair. Mas não fosse o Ruizinho…

Ele vem me visitar regularmente apesar da pandemia. Nossas famílias se adoram, mas geralmente ele vem sozinho. 

Ficamos dois a  três dias ouvindo música clássica, churrasqueando, tomando umas que outras. Quando ele traz seu filho Fernando que, por minha influência toca violino e integra a Banda “ DAZARANHA”, é um arraso pois meu filho Rudolf o acompanha ao violino.

(Até aqui flores. Na próxima ,os espinhos.)


terça-feira, 11 de maio de 2021

ARTIGO DE TITO GUARNIERE

 PRIMEIRO DE MAIO BOLSONARISTA 

 

No dia 1º. de Maio, em Florianópolis, os bolsonaristas fizeram uma carreata na Avenida Beira-Mar Norte, segundo os jornais locais com cerca de 200 veículos de manhã e mais 500 de tarde, com bandeiras do Brasil, camisas amarelas da seleção de futebol, buzinaços e palavras de ordem contra o distanciamento social e de apoio a Bolsonaro. Houve concentrações iguais nas principais cidades do país. 

 

As centrais sindicais, as esquerdas, os atores tradicionais do 1º. de Maio, quase desapareceram das ruas do Brasil na data festiva, dando lugar a milhares de manifestantes que trocaram o descanso, o convívio familiar no sábado de sol, para protestar contra o STF e o Congresso Nacional. Sobrou também para os governos estaduais e municipais que adotam medidas de contenção e de fechamento das atividades econômicas, como forma de reduzir o contágio pelo coronavírus. 

 

Possivelmente a maioria era de comerciantes e pessoas bem situados – a julgar pelos veículos dos participantes. Mas isso não desmerece o ato. Nas democracias todas as classes sociais, as correntes de pensamento, os movimentos sociais têm o direito de expressar as suas demandas em praça pública, nas ruas das cidades, com a única condição de que o façam de forma ordeira e pacífica – como foi em Florianópolis. 

 

Sim, há controvérsias. Como tanta gente pode comparecer às ruas para reclamar do isolamento social que, à exceção da vacina, é a forma mais eficaz de combate à doença? Todo evento público, toda a aglomeração agora, com três mil mortos por dia, é uma questão de saúde pública. O direito de livre expressão não alcança o de gritar "fogo" em um teatro lotado. 

 

É preciso uma dose sobrenatural de cegueira e fanatismo político para livrar a cara de Bolsonaro diante da tragédia que nos acomete. Não faz nenhum sentido, é uma contradição insanável, que qualquer cidadão possa atribuir (ao menos) parte da culpa ao presidente na carestia, no desemprego, na baixa qualidade dos serviços públicos e em tanta coisa mais, mas defender e acreditar que ele nada tem a ver com as 400 mil cruzes cravadas nos cemitérios do país. 

 

E no entanto, manifestantes ruidosos, cheios de soberba e razão (como quase todos os ativistas e militantes) estão no exercício pleno dos seus direitos, não são menos cidadãos do que nós outros. A livre manifestação do povo não é legítima apenas quando coincide com os nossos valores e as nossas crenças. "A liberdade é sempre a liberdade de quem pensa diferente". (Rosa Luxemburgo, ativista alemã do socialismo). 

 

O fato é que os bolsonaristas exibiram, no Dia do Trabalho, um fôlego surpreendente, a força e a musculatura de quem está vivo e forte. Os democratas, as esquerdas devem prestar atenção ao fenômeno, devem fazer bem mais do que reagir com desdém, com a petulância dos que se consideram moralmente superiores. 

 

Deste lado do embate, é hora de manter a denúncia diuturna, enérgica e sem trégua dos desmandos, dos descaminhos em curso, tendo em conta que, em meio às multidões bolsonaristas, com toda a certeza, nem todos são trogloditas de má-fé. 

 

titoguarniere@outlook.com 


quinta-feira, 6 de maio de 2021

HAVIA OUTROS MELHORES

 HAVIA OUTROS MELHORES

Narra a lenda que numa cidade da fronteira do Rio Grande do Sul um senhor de nome Arpino puxou o revólver calibre 38 na frente do Banco do Brasil e deu uns tiros contra um desafeto, errando todos.

Acorreram os policiais e deram o antigo "teje preso". 

Lavrado o flagrante ,constatou-se que o Arpino dera tiros para cima,sem intenção de ferir ou matar. 

Mesmo assim, por via das dúvidas, o promotor denunciou o pistoleiro. O feito foi instruído e logo se viu que ele seria absolvido. Mesmo assim juiz e promotor acharam que era melhor aplicar o" in dúbio pro societate". No dia do julgamento o promotor pediu a absolvição do acusado. A defesa se absteve de usar da palavra.

Pois não é que o júri condenou Arpino?

Dias depois o juiz perguntou a um jurado, seu vizinho, qual a razão daquela condenação.

 "Doutor, o Arpino passa roubando ovelhas e vacas por aí.  "

O problema do Arpino é que todo mundo sabia que ele era dado a furtos.

Na cabeça de todos interessava a conduta e não tanto os fatos.

Claro que não vingou a decisão.

Voltemos para os dias atuais.

Hoje está difícil de se pensar com calma. A revolta é geral.

Quando tudo estava quieto, as coisas andando nos cânones e trilhos certos, eis que há uma reviravolta. Depois de longa instrução, com vários recursos, vários réus famosos foram condenados.

Pois para espanto geral aparece do nada uma arguição que derruba todo o trabalho insano de anos. 

Está visto que em nosso país não há segurança jurídica.

Vários amigos meus têm medo de entrar em certames públicos para licitações e outros empreendimentos ,porque sabem que somos o país que teima em ser o paraíso das liminares. 

Veja-se essa questão do fechamento ou não das escolas. Mais de um ano perdido. Não é atribuição do judiciário prever o futuro, salvo absurdas e evidentes medidas nefastas.

Nota-se em todos os círculos ataques ao judiciário em geral. Muitos pensam que durante esse período de pandemia os juízes não trabalharam. Ao contrário, o judiciário continua cumprindo com suas tarefas. O mesmo diga-se dos servidores.

O problema não está no primeiro grau. A questão é que de tudo cabe recurso. Praticamente não existe uma pronta execução das sentenças de primeiro grau.

O STF sempre primou por ser formado por homens e mulheres de alto saber jurídico. Eram pessoas lhanas no trato e discretas. Divergiam sempre com elegância.

De onde tiraram a mais recente nomeação ao STF? Onde está seu notável saber jurídico? 

Nosso senador Luiz Carlos Heinze, indagado por que foi contra a nomeação, disse com sabedoria: “porque havia outros bem melhores”.